12ª edição

Trocas de experiências e formação de parcerias são marcas do Festival Sesc de Música

Encontros entre os mestres, além do contato com os alunos, enriquece bagagem profissional dos professores do evento

Foto: Divulgação - DP - O som de instrumentos como violinos e flautas se misturaram ao de tambores na interpretação de composiças, como a mar propósito da ação

Nos seus últimos dias de atividades, o 12º Festival Internacional Sesc de Música leva ao público esta semana uma série de recitais, no Theatro Guarany, com os núcleos musicais dos alunos, sempre com a orientação e participação de seus professores. Na noite desta terça-feira (23), por exemplo, o programa está sob responsabilidade dos cantores líricos. A gala está programada para às 20h30min. Os ingressos podem ser retirados antecipadamente no site do evento ou na bilheteria do Theatro, a partir das 18h.

Mas este não é o único momento em que os renomados profissionais, que chegam ao Festival para compartilhar técnicas e experiências, mostram à comunidade em geral os seus talentos e a bagagem amealhada ao longo de anos de estudos. Diariamente no Clube Caixeiral os mestres se apresentam em grupos ou individualmente em recitais que reafirmam a alta qualidade dos convidados de cada edição.

Estreante no Festival, o percussionista chileno Rubén Zúñiga divide as masterclasses do Núcleo de Percussão com o outro professor da área, o catarinense Douglas Gutjahr, timpanista da Orquestra Sinfônica de Porto Alegre (Ospa) desde 2016, presente em Pelotas desde a primeira edição do evento. Zúñiga e Gutjahr se encontraram pela primeira vez em Pelotas, mas um conhecia o trabalho do outro de forma virtual. "Eu fiquei superfeliz com o convite e em conhecer o Douglas, a gente tem a felicidade de pensar a música de forma muito parecida. Tem sido muito bom, não só para a gente, mas também para os alunos, a gente forma um time muito bom", comenta Zúñiga.

Zúñiga está no Brasil há 15 anos e é membro da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo (OSESP), do Percorso Ensemble, do Martelo Percussion Group e do Escualo Ensemble. Mesmo com toda essa experiência, ele diz que a energia dos alunos o motiva ainda mais. "A primeira coisa que é muito inspiradora são os olhos deles, eles têm muita vontade de vir, de aprender, de fazer música e a gente que já é profissional, às vezes, pode esquecer um pouco disso. O que acontece é uma troca, a gente aprende muito com eles também", fala o músico.

O percussionista lembra que também já esteve em festivais em busca de mais conhecimento e seus olhos também brilharam na frente dos professores. "Nós como músicos, de qualquer instrumento, estamos em constante evolução, tentando cada dia ser melhor, por uma paixão. Hoje estar do outro lado, tendo essa consciência de que eu estive lá, está sendo muito gratificante. Eu tento entregar o meu máximo como professor, mas o mais legal é que eles nem percebem o tanto que entregam pra gente também."

Os músicos dizem que essa troca é importante e de, certa forma, a dupla se sente estimulada a se reinventar como professores e a descobrir ferramentas e formas de ensinar. "Esse é um processo que acontece de uma forma muito bonita nos festivais. Eu saio motivado a continuar trabalhando muito durante o ano para criar coisas que realmente estimulem eles a continuarem crescendo", fala Gutjahr.

Estreia de uma obra

As trocas também acontecem entre os professores, que passam horas do dia compartilhando experiências com os colegas e tentando melhorar ainda mais a entrega aos alunos. "A gente acaba convivendo, a gente conversa, filosofa sobre a percussão no Brasil, como poderíamos melhorar ao programar a aula do dia seguinte, pensando nas necessidades dos alunos, para cada dia eles aproveitarem o máximo. Tem uma troca forte, pelo menos entre a gente, diária", conta o chileno.

No sábado, Zúñiga e Gutjahr se apresentaram no recital de metais, percussão e piano, que ocorreu no Caixeiral. Neste encontro os percussionistas interpretaram a peça Frevo duelado criada por Douglas Gutjahr, que foi dedicada ao amigo. "A gente se encontrou e ensaiamos aqui, a gente fez uma peça meio que em conjunto", fala Zúñiga.

"Foi bem legal, a reação do público depois da performance foi bem bacana", comenta o autor. Gutjahr teve a chance de estrear outras duas peças em Pelotas ao longo destes 11 anos. "O Festival tem isso também de produzir música nova. Acho que é uma das grandes sacadas. Os professores que compõem conseguem tocar essas obras aqui, depois elas acabam sendo consumidas pelos alunos, é um negócio muito legal", fala.

Evolução dos alunos

Na quarta-feira (24) os dois professores vão estar à frente de seus alunos na apresentação do núcleo sopros e percussão, no Theatro Guarany às 20h30min. Este recital terá transmissão ao vivo pelo site do Festival. "Estamos trabalhando com eles desde a semana passada e este é o momento que eles têm para mostrar esse trabalho de grupo que é feito", comenta o professor.

Gutjahr comenta que é muito bom ver a evolução de alunos que já estiveram em outras edições. "É legal ver como os alunos que vêm para o Festival, retornam e continuam trabalhando. Nem todos conseguem de imediato ter um bom trabalho, alguns vêm para cá e não estão nem na faculdade, têm outros que em pouco tempo conseguem entrar em uma orquestra e têm alunos que desistem, porque chegam aqui e acabam se questionando se é realmente esse nível de pressão que eles querem ter. Mas as pessoas que eu tenho contato lembram com carinho do Festival e do quanto essa troca foi importante para a vida deles", fala o percussionista.

Programação nesta terça-feira 

10h30min - Sinfonia Magis - Palestra Gestão e Liderança Através da Música (Hotel Jacques Georges Tower, rua Almirante Barroso, 2.069)
13h - Recital de Alunos (Conservatório de Música da UFPel, rua Félix Xavier da Cunha, 651)
15h - Grupo de Choro do Festival (Rodoviária de Pelotas, avenida Presidente João Belchior Marques Goulart, 4.605)
19h - Recital de Madeiras, Metais e Cordas - Renan Mendes (BRA), Philip Nodel (RUS), Viktoria Tatour (BIE), Michel Lethiec (FRA), Diego Grendene (BRA), Giorgio Mandolesi (ITA), Alma Liebrecht (EUA), Bernardo Silva (PRT), Pedro Gadelha (BRA), Eder Kinappe (BRA) (Clube Caixeiral - praça Coronel Pedro Osório, 106)
20h30min - Gala Lírico - Núcleo de Alunos do Festival (Theatro Guarany, rua Lobo da Costa, 849) - Espetáculo com serviço de audiodescrição e tradução em Libras



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